domingo, 18 de outubro de 2009

Neurociência

Neurociência
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A neurociência é um termo que reúne as disciplinas biológicas que estudam o sistema nervoso, normal e patológico, especialmente a anatomia e a fisiologia do cérebro interrelacionando-as com a teoria da informação, semiótica e lingüística, e demais disciplinas que explicam o comportamento, o processo de aprendizagem e cognição humana bem como os mecanismos de regulação orgânica.

Tanto do ponto de vista histórico como teórico não se pode deixar de considerar as contribuições da cibernética, hoje a neurociência computacional que se define como a ciência da comunicação e controle no animal e na máquina.

Essencialmente é uma prática interdisciplinar, resultado da interação de diversas áreas do saber ou disciplinas científicas como, por exemplo: neurobiologia, neurofisiologia, neuropsicologia, neurofarmacologia (neuropsicofarmacologia), estendendo-se essa aplicação à distintas especialidades médicas como por exemplo: neuropsiquiatria, neuroendocrinologia, neuroepidemiologia, psiconeuroimunoendocrinologia, psicofarmacologia, neurortopedia bucal etc.


Cérebro humano: Fissura Inter-hemisférica e os Hemisférios CerebraisÍndice [esconder]
1 Acerca de nomes e métodos
2 O cérebro, a mente e os seus problemas
3 Um pouco de história
4 Grandes Autores
5 Bibliografia
6 Ligações externas


[editar] Acerca de nomes e métodos
Observe-se que a maioria dos vocábulos com prefixo neuro podem ser substituídos ou associados ao prefixo psico, a moderna neurociência tende a reunir as produções isoladas face ao risco de perder a visão global do seu objeto de estudo: o sistema nervoso, contudo a complexidade deste, e em especial do sistema nervoso central da espécie humana, exige o estudo isolado de cada campo e o exercício da interrelação de pesquisas.

Existem pelo menos 5 maneiras de estudar a relação entre sistema nervoso e comportamento e/ou sua fisiologia:

O espectro animal – diversidade de modelos que a natureza oferece e os padrões reconhecíveis de comportamento e de estrutura anatômica e bioquímica.
O cérebro de um gatoAs diversas patologias e lesões anatômicas e suas conseqüências funcionais. Para deficiência mental, por exemplo, já se conhece pelo menos 200 causas.
Os estágios do desenvolvimento humano/animal e envelhecimento. Existem estágios previsíveis de modificação anatômico-funcional e comportamental nas diversas fases do desenvolvimento humano.
Efeito de drogas em diferentes sítios anatômicos, Existe certo consenso quanto a 3 formas básicas de efeito farmacológico de drogas no sistema nervoso. As substâncias psicoativas podem ser classificadas como lépticas (estimulantes); analépticas (depressoras) e dislépticas (modificadoras). É nesse último grupo que se enquadram as substâncias conhecidas como alucinógenos ou enteógenos.
Estudo da mente (psique) e/ou comportamento. Para um grande conjunto de alterações comportamentais estudadas pela psicopatologia e criminologia ainda não existe consenso sobre suas causas biológicas e psicossociais. O mesmo pode ser dito para alterações psiconeuroendócrino fisiológicas da experiência religiosa ou êxtase religioso e estados alterados de consciência induzidos por técnicas como meditação e yoga.
Múltiplas interrelações entre esses diversos métodos e possibilidades de estudos são possíveis, contudo ainda não existe grandes teorias que façam da neurociência uma única teoria ou método científico com suas múltiplas aplicações práticas na área médica (Neurologia, Psiquiatria, Anestesia, Endocrinologia, Medicina Psicossomática) ou paramédica (Psicologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional etc.).

Uma forma distinta de conceber a diversidade de metodologias com que podemos estudar o cérebro é, como proposto por Lent, 2004, acompanhar, em princípio os distintos níveis anatômicos – funcionais que a biologia utiliza para o estudo dos seres vivos. Estabelecendo então: Neurociência molecular; Neurociência celular como níveis de análise equivalentes as bem estabelecidas disciplinas da bioquímica e citologia; A Neurociência sistêmica orientada pelos princípios histológicos, estruturais e funcionais dos aparelhos e sistemas orgânicos; A Neurociência comportamental em princípio acompanha os níveis de organização básica do indivíduo ou seu comportamento equivalendo aos estudos da Psicobiologia ou Psicofisiologia e finalmente a Neurociência cognitiva ou estudo das capacidades mentais mais complexas, típicas do animal humano como a linguagem, autoconsciência etc. que também pode ser chamada de Neuropsicologia.


SerotoninaObserve-se que não há um plano ou nível privilegiados de análise e nem sempre a melhor explicação de um nível situa-se necessáriamente no anterior (ou posterior). Paradoxos complexos podem ser criados como o estudo molecular da consciência ou o entendimento da consciência e comportamento como propriedades emergentes relativamente independentes do estudo do sistema nervoso. Um entendimento pleno deve considerar como verdadeiras e igualmente importantes todas as maneiras de estudo do cérebro e sistema nervoso.

[editar] O cérebro, a mente e os seus problemas
Além da tarefa ainda não concluída em milhares de anos de pesquisa, especulação tentativa, erro e acertos sobre a anatomia e fisiologia do cérebro e de suas funções sejam o comportamento/pensamento (psique) ou os mecanismos de regulação orgânica e interação psicossocial alguns problemas se impõem aos pesquisadores, destacam-se entre estes os que podem ser reunidos pela patologia.

Ressalte-se, porém a inconveniência de reduzir a neurociência à clínica e anatomia patológica como na história da medicina já se fez, e perdermos de vista a possibilidade de construção de um conhecimento da saúde (não redutível ao oposto qualificativo da doença) considerando também as dificuldades de aplicação dos conceitos da patologia às variações genéticas e bioquímicas das espécies e natureza da psique e/ou comportamento.

Assim esclarecido temos duas estratégias básicas para abordar os problemas da mente-cérebro e/ou a principal aplicação prática da neurociência:


Encefalite mostrada no lado direito do cérebroO estudo da função nervosa e suas alterações ou seja:

O coma, alterações da consciência e do sono;

Alterações dos órgãos dos sentidos, delírios, alterações do intelecto e da fala;

Distúrbios do comportamento, ansiedade e depressão (lassidão, astenia);

Desmaios, tontura (vertigens) e estado convulsivo;

Distúrbios da marcha e postura (tremores, coréia, atetose, ataxia);

Paralisias e distúrbios da sensibilidade e dor (cefaléia e segmentos periféricos);

Espasmos, incontinências e outras alterações da regulação orgânica.

O estudo etiológico das patologias do sistema nervoso:

Malformações congênitas e erros inatos do metabolismo;

Doenças do desenvolvimento, degenerativas e desmielinizantes;

Infecções por grupo de agentes e sítio anatômico (meningites, encefalites,etc.);

Traumatismo no sistema nervoso central e periférico;

Doenças vasculares (hipoxias, isquemias, infarto hemorragias);

Neoplasias (tumores malignos, benignos por tecido de origem e cistos);

Doenças neuroendócrinas, nutricionais, tóxicas e ambientais;

Transtornos mentais e distúrbios do comportamento

Para uma classificação mais detalhada de tais patologias, consultar os capítulos V: Transtornos mentais e comportamentais; VI (Doenças do Sistema Nervoso); e VII (Doenças do Olho Ouvido e Anexos) da Classificação Internacional das Doenças 10ª Revisão – CID 10.

[editar] Um pouco de história
Se não considerarmos que o conhecimento de métodos de tratamento invasivo como trepanações, utilização de plantas psicoativas e outras técnicas de modificação da consciência e anestesia, fazem parte da neurociência, podemos tomar como data de criação desta interdisciplina a publicação de De morbis nervorum em 1735 , de autoria do médico holandês Herman Boerhaave, considerado o primeiro tratado de neurologia, ou a descoberta da função cerebral; que se atribui ao grego Alcmaeon da escola Pitagórica de Croton em torno de 500 aC, que discorreu sobre as funções sensitivas deste, reafirmado por Herófilo, um dos fundadores da escola de medicina de Alexandria (século III aC.), que descreveu as meninges e a rete mirabile (rede maravilhosa) de nervos (distinguindo este dos vasos) e medula com suas conexões com cérebro, cujo conhecimento foi sistematizado e demonstrado empiricamente, através do corte seletivo de nervos, por Galeno (130-211 aC.)

[editar] Grandes Autores
Essa lista propõe-se a identificar os principais autores dos diversos países que contribuíram para o desenvolvimento do que hoje entendemos por neurociência classificados provisoriamente por área de desenvolvimento, a saber:

Psicofísica e estudos da percepção:

Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832)
Ernst Heinrich Weber (1795–1878)
Gustav Theodor Fechner (1801–1887)
Hermann Ludwig Ferdinand von Helmholtz (1821–1894)
Wilhelm Maximilian Wundt (1832-1920)
Max Wertheimer (1880-1943)
Kurt Koffka (1886-1941)
Wolfgang Köhler (1887-1967)
Estudos das correlações entre a forma e função no sistema nervoso:

Thomas Willis (1621-1675)
Franz Joseph Gall (1758-1828)
Marie Jean Pierre Flourens (1794-1867)
Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936)
Santiago Ramón y Cajal (1852-1934)
Charles Scott Sherrington (1852-1952)
Henry Head (1861-1940)
Estudos das correlações entre o sistema nervoso normal e patológico:

Charles Bell (1774-1842)
Pierre Paul Broca (1824–1880)
John Hughlings Jackson (1835-1911)
Karl Wernicke (1848-1905)
Arnold Pick (1851-1924)
Sergei Sergeievich Korsakoff (1854-1900)
Alois Alzheheimer (1864-1915)
Estudos da engenharia do cérebro, inteligência artificial e cibernética:

Kurt Lewin (1890-1947)
Lawrence K. Frank (1890-1968)
Norbert Wiener (1894-1964)
Lawrence S. Kubie (1896-1973)
Warren Sturgis McCulloch (1899-1969)
Arturo Rosenblueth (1900-1970)
Ralph W. Gerard (1900-1974)
Paul Lazarsfeld (1901-1976)
John von Neumann (1903-1957)
William Ross Ashby (1903-1972)
Gregory Bateson (1904-1980)
Max Delbrück (1906-1981)
Molly Harrower (1906-1999)
W. Grey Walter (1910-1977)
Heinz von Foerster (1911-2002)
Julian Bigelow (1913-2003)
Claude Elwood Shannon (1916-2001)
Leonard Jimmie Savage (1917-1971)
Walter Pitts (1923-1969)
Estudos sobre as emoções e interação mente-corpo (psicossomática), desenvolvimento da psiquiatria e psicanálise:

Philippe Pinel (1745-1826)
Jean-Martin Charcot (1825–1893)
Theodor Hermann Meynert (1833-1891)
William James (1842-1910)
Emil Kraepelin (1856–1926)
Sigmund Freud (1856-1939)
Paul Eugen Bleuler (1857-1939]
Korbinian Brodmann (1868–1918)
Walter Bradford Cannon (1871–1945)
Hans Berger (1873–1941)
Carl Gustav Jung (1875–1961)
Karl Theodor Jaspers (1883-1969)
Carl Georg Lange (1885-1912)
Ernst Kretschmer (1888-1964)
Karl S. Lashley (1890–1958)
Franz Alexander (1891—1964)
Wilhelm Reich (1897-1957)
Jacques-Marie Émile Lacan (1901-1981)
Neurofisiologia, psicofarmacologia, neuropsicologia contemporânea:

Lev Semionovitch Vigotsky (1896-1934)
Jean Piaget (1896-1980)
Alexander Romanovich Luria (1902-1977)
Albert Hofmann (1906 - 2008 )
Hans Hugo Bruno Selye (1907-1982)
Jean Delay (1907-1987)
Oliver Wolf Sacks (1933 - )
César Timo-Iaria (1925-2005)
[editar] Bibliografia
Alexander, Franz G, Selesnick, Sheldon T. História da psiquiatria: uma avaliação do pensamento e da prática psiquiátrica desde os tempos primitivos até o presente. São Paulo : Ibrasa, 1968.

Canguilhem, Georges. O Normal e patológico, RJ, Forense-Universitária, 1982

Foucault, Michael. Doença Mental e Psicologia, RJ, Tempo-Brasileiro, 1968

Harrison, T. R. Medicina Interna (8ª Ed.). RJ, Guanabara Koogan, 1980

Hubel, David H. El cérebro, edicion especial sobre neurobiologia da Investigacion y Ciência, nº 38. Barcelona, noviembro de 1979 ou The Brain, Scientific American nº 3, v 241. USA, september 1979

Lent, Roberto (Ed.). As ciências do cérebro. Numero especial da Rev. Ciência Hoje, v16/ nº 94, Rio de Janeiro, setembro-outubro de 1993

Lent, Roberto. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. SP, Atheneu,2004

McGaugh, J.L.; Weinberger, N.M.; Whalen, R.E. Psicobiologia, as bases biológicas do comportamento. (textos do Scientific American). SP, EDUSP – Polígono, 1970

Oliveira, J.W. B. Estudo histórico da neurologia. RJ, Castália, 1980

Robbins - Patologia Estrutural e Funcional R.S. Cotran, V. Kumar, S.L. Robbins, ed. 5ª edição, Guanabara Koogan, R.J., 1996.

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