quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Revolução nos livros

Revolução nos livros
O trabalho na oficina: o homem da esquerda confere uma página pronta;o da direita passa a tinta no bloco de palavras que irá compor a próxima página
O desejo das pessoas de querer ler (e aprender!) mais e mais levou o homem a pensar em uma máquina que pudesse imprimir livros. Em 1450, o alemão Johann Gutenberg deu forma à tão sonhada máquina de impressão: o prelo. Houve uma revolução! Afinal, tornou-se possível fabricar um número maior de livros a um custo menor. Assim, as idéias passaram a se propagar com muito mais rapidez.
Imagine que Gutenberg, com a ajuda de um mecânico, aperfeiçoou uma prensa de espremer uvas para criar a tal máquina, que funcionava assim: uma alavanca girava uma rosca de madeira, que abaixava uma tábua, que apertava o papel úmido, que estava colocado sobre as letrinhas, que arrumadas em palavras e frases e sujas de tinta iam imprimindo as páginas uma a uma. Ufa! Era como se para cada página fosse preparado um grande carimbo. Só que era possível desmanchar esse carimbo, tirando as letras e reorganizando-as para cada página nova.
Para agüentar tantas impressões, as letras eram fabricadas em metal. E na oficina de Gutenberg, como, depois, nas oficinas dos que copiaram a sua idéia, havia muitas letras repetidas. É fácil entender o porquê: para escrever "casa", por exemplo, usamos duas vezes a letra "A". Para escrever a frase "A casa de Ana Maria é grande e arejada", usamos 11 vezes a letra "A". Imagine, então, para escrever tudo o que continha cada página de um livro! Era preciso uma coleção de cada letra - maiúsculas e minúsculas. Nas oficinas de impressão havia caixas de letras maiúsculas e minúsculas. Havia também acentos e toda a pontuação. Tudo separado e organizado para facilitar o trabalho. O conjunto de letras, acentos e pontos em metal criados por Gutenberg ficaram conhecidos como "tipos móveis", pois podiam ser organizados e reorganizados a cada nova página.
As primeiras letras de metal usadas naoficina de Gutemberg tinham esse formato
Imprimir era um trabalho especial que exigia uma organização muito grande e um conhecimento técnico especial. Em cada impressora havia um chefe de oficina e uma pessoa para cuidar de cada uma das etapas necessárias para se imprimir o livro: uma para compor as palavras e frases; outra para passar a tinta e tirar uma prova da página; outra para revisar as páginas, para ver se estavam de acordo com o que o autor havia escrito; outra ainda para passar a tinta de novo no bloco de palavras e encaixá-lo na máquina. Havia quem umedecia as folhas de papel para facilitar a impressão; o impressor, que acionava a manivela do prelo; o ajudante, que apanhava as folhas já impressas e as empilhava lado a lado, de acordo com a seqüência, para não misturar. E acima de toda essa equipe é que estava o chefe de oficina. Ele coordenava, apressava e vistoriava todo o trabalho.
O livro, naquela época, não saía da oficina pronto, com capa. Suas folhas eram vendidas num mesmo pacote, mas soltas. Cada um que comprava um livro mandava pôr a capa que queria. Às vezes, ela era de couro, com enfeites dourados. Outras vezes tinha até pedras preciosas decorando. Alguns reis mandavam fazer as capas de seus melhores livros assim.
No começo, como o prelo não imprimia desenhos, estes eram feitos por artistas contratados pelos chefes das oficinas. Depois, as ilustrações passaram a ser feitas a partir de uma matriz de madeira. Tratava-se de um "carimbo" com o desenho, chamado até hoje de xilogravura. Algum tempo depois, essa matriz de madeira foi substituída por outra, de metal, mais rápida e detalhista.
O invento de Gutenberg ficou cerca de 300 anos sendo usado sem grandes alterações. Só quando surgiu a impressora construída em metal é que se pode dizer que houve uma grande transformação. Mas este é um outro capítulo da história da imprensa e da fabricação de livros...

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